Nesta longa caminhada solar, neste caminhar para a manhã clara, neste percurso para o dia, luminoso e pleno, de repente percebemos que a ausência já vai longa, Maio, o mês das rosas ficou para trás e já estamos em meados de Junho. Maio passou num ápice; no dia 14, de que hoje vos damos conta aconteceu o VI Passeio Campestre, a 20 e 21 estivemos no Festival Islâmico de Mértola, respectivamente com o Colóquio "Almutâmide e o contexto literário do Garbe al-Andalus (2ª metade do séc. XI) em parceria com o Prof. Adel Sidarus na Feira do Livro e com o espectáculo "Festa Almutâmide da Poesia - Almutâmide, o Príncipe dos Poetas. De beja a Agmat" com o Eduardo Ramos, Rui Afonso, Elsa Shams e António Dias da Silva, no Teatro Marques Duque. A 27 e 28 de Maio estivemos novamente em Montemor, na organização das 1ªs Jornadas Literárias da bela cidade Alentejana: "A Poesia da terra em Monte Maior". No próximo dia 18 de Junho estamos no Auditório da Junta de Freguesia do Feijó, Almada, a partir das 10:15m a apresentar a próxima edição - nº duplo 29/30 da Revista
Memória Alentejana, no âmbito de um Colóquio onde vão estar em destaque: "A água enquanto Direito Humano" e a "Etnomusicologia e o
Cante". ÉPasseio nossa intenção ao longo dos próximos dias deixarmos aqui informação sobre estas actividades
Mas, apesar desta ausência longa de postagens, congratulamo-nos com as mensagens de antigos amigos (as) e a chegada de novos. A todos, Bem Hajam!
VI Passeio Campestre
Pela Ribeira de S. Cristóvão
Entre as Ervas Medicinais, o Moinho, a Moagem e o Cromeleque do Tojal
Com a participação de cerca de meia centena de pessoas, realizou-se no dia 14 de Maio a sexta edição do já tradicional Passeio Campestre, uma feliz conjugação de esforços do CEDA e da MontemorMel, que desde 2006 já possibilitou a algumas centenas de pessoas, montemorenses e forasteiros, mas todos e todas, amantes da Mãe-natureza e da fraterna comunhão com a Terra e a ancestral paisagem humanizada nos suaves e doces campos, dos cursos de água, apiários, melarias, moinhos de água e de vento, fabricas de cortiça, fornos de cal, menires, cromeleques, as ervas medicinais e a beleza dos suaves campos do concelho de Montemor Maior, onde seres humanos, animais e plantas coexistem em harmonia há milhares de anos.
Desta vez rumamos até S. Cristóvão e depois de uma visita ao menir e ao cromoleque do Tojal, guiada pelo arqueológo Mário Carvalho (da Ebora M egalithica) iniciámos um percurso junto à ribeira de S. Cristóvão que nos levou ao Moinho de Água de Henrique Gascon, recentemente recuperado, respeitando a traça original, actualmente a servir de habitação de férias e que este pretende pôr a funcionar em breve. Este referiu-nos como é auto-suficiente usando a água da nascente e a energia solar e como se delicia com o silêncio com cântico dos pássaros e o correr da água da ribeira. Foi precisamente junto à minúscula praia fluvial que nos deleitámos à sombra de uma enorme árvore e partilhando fruta, pão, vinho ou os famosos licores de mirtilo e poejo, o bolo com frutos secos, os peixinhos da horta da Ti’ Estina – uma presença já assídua nestes passeios – ou o bolo de mel da Nina Pirata, fizemos deste momento um especial momento de amizade e partilha.
Quem estava “com a corda toda” era o Mestre José Salgueiro, que não obstante as temperaturas superiores a 30º que convidavam a uma retemperadora sesta a que alguns não resistiram, Zé Salgueiro, com os seus 92 anos intensamente vividos, não se cansava de referir os benefícios das diversas plantas que conhece melhor que as palmas das suas mãos e que combatem a doença, preservando até a longevidade, como ele é exemplo paradigmático, que para além de alguma surdez, está activo em todo o seu potencial. Como falou a tarde inteira, focou os mais diferentes assuntos, nomeadamente a capacidade de algumas pessoas “eleitas” para assimilarem e fazerem uso dos sábios poderes da natureza, referindo-se mais especificamente ao famoso curandeiro Chico Vurtuoso, que ele conheceu desde miúdo, avô da amiga Manuela Rosa, outra grande amante da natureza – que precisamente nesta edição inicia uma crónica sobre ervas medicinais e de um texto exactamente sobre o Mestre Salgueiro, e que é autora de algumas das fotos desta “peça”. A Manuela Rosa estava nas “sete quintas” a fotografar borboletas e outros insectos e flores que vão certamente embelezar o suave blogue “fluir da terra”, de onde retiramos a frase e o poema que surge no programa para este passeio:
Incansável estava também o nosso companheiro da organização destes passeios, o Amigo e apicultor Alex Pirata que resolveu fazer umas acrobacias nas represas da ribeira a montante do Moinho do Conde e… que demonstrou excepcionais dotes para equilibrista. Também quem deu nas vistas e lhe foi solicitado discurso, no lanche realizado no Restaurante “O Chouriço” foi o Amigo Jesus, natural de Saragoça e companheira da AmigaVina (Etelvina Santos), que mantém viva a tradição da pintura no mobiliário tradicional alentejano e que iniciou na edição anterior uma crónica nestes páginas sobre a temática referida.
Depois de uma visita à Moagem, agora inactiva, que foi guiada pela proprietária Sisbela Carvalho, o passeio terminou no referido restaurante com um lanche tradicional patrocinado pela Junta de Freguesia local, onde esteve presente o respectivo presidente António Fitas, que mostrou o seu apreço por iniciativas como estas que praticam a valorização do património natural e humanizado do Alentejo, neste caso concreto do concelho de Monte Maior. Uma palavra também ao Município local que ajudou a divulgação e inscrição através do Posto de Turismo, assim como na feitura do flyer de divulgação, que mais uma vez apresentou uma excelente qualidade gráfica, nomeadamente com a escolha de belas fotografias. Ao responsával gráfico do trabalho, António Pedro, os nossos reiterados parabéns. Por parte da organização, de que assumimos conjuntamente com o Alex Pirata, para o ano haverá um novo passeio… pelo menos tão bom como este… e se for melhor… melhor será.
Ainda parece que estou a ouvir a voz do Mestre Salgueiro…